Quero saber se eu tenho algum distúrbio de tireóide ou outro problema no metabolismo. Por que eu não consigo emagrecer?

É muito comum um paciente se queixar de que mesmo se fizer uma modificação na dieta, com alguma redução da ingestão calórica e/ou mesmo se iniciar um Programa de Exercício Físico, tem dificuldade para perder peso. Mas por que isso acontece só com algumas pessoas?

Nós, seres humanos, possuímos alguns mecanismos capazes de regular nosso Peso Corporal, mesmo acontecendo variações na ingestão alimentar e no gasto de Energia. Estudos mostram que se restringirmos muito a ingestão calórica, nosso organismo diminui em 10% o gasto de Energia. E o contrário também ocorre: se aumentarmos a ingestão alimentar, aumentamos nosso gasto de Energia. No entanto, nos dias atuais, estamos expostos a uma grande chance de, continuamente, ingerirmos muito mais calorias do que precisamos para sobreviver. Há uma oferta persistente de grande quantidade de alimentos muito saborosos e de alta Densidade Energética*.

Estudos mostram que algumas pessoas conseguem manter o peso corporal mesmo quando ingerem esse excesso de calorias. Outras, não… Isso ocorre pois, além da influência do ambiente, fatores genéticos têm um papel crucial na predisposição ou tendência à obesidade. As principais evidências desse papel da Genética sobre a Obesidade vêm de Estudos feitos com gêmeos criados por famílias diferentes. Tais estudos mostram que os gêmeos têm peso corporal muito semelhante entre si, mesmo quando criados em ambientes diferentes, e também mais semelhantes ao peso de seus familiares biológicos do que de seus pais adotivos.

Sabe-se que a Obesidade é uma doença de causa multifatorial e a Genética pode influenciar estes vários fatores:

  •  Capacidade de não engordar, mesmo quando exposto a ingestão crônica de excesso de calorias;
  •  Capacidade de emagrecer quando o balanço energético fica negativo, seja por redução da ingestão de calorias, seja por aumento do gasto energético através de Exercício Físico;
  •  Variações nas respostas Neuroendócrinas do Hipotálamo na regulação do equilíbrio energético: controle do Peso Corporal; controle da secreção de Insulina e Glucagon pelo pâncreas; controle da resposta ao efeito da Leptina (hormônio produzido no tecido adiposo que sinaliza mecanismos de controle do balanço energético);
  •  Preferências por alimentos mais ou menos calóricos;
  •  Capacidade de sentir saciedade, o que por sua vez, influencia no ato de parar de comer e no tempo de demora até procurar novamente uma refeição.

Concluindo, pode acontecer, sim, que o paciente tenha alguma predisposição genética que gere menor capacidade de responder ao tratamento da Obesidade. Isso não significa que não exista solução.

O paciente precisa ter conhecimento de que a Obesidade, por ser de causa multifatorial e de evolução crônica, exige um tratamento que intervenha em vários fatores ao mesmo tempo e por tempo prolongado. Assim, a persistência será a maior aliada do paciente rumo à meta de se atingir um peso ideal.

Conte sempre com um Especialista neste caminho.

 

*Densidade Energética: quantidade de Energia (em Kcal) presente em determinada quantidade do alimento (em gramas). Alguns alimentos têm densidade energética muito alta, como os doces, por exemplo. Muitas calorias em pequenas porções.
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